Esta semana, o nosso país foi ameaçado por grupos terroristas. Ou seja, depois do EURO 2004 e dos MTV Europe Music Awards, Portugal continua na rota dos grandes acontecimentos internacionais. Quando se tem prestígio, nunca se sai da ribalta.
Pela minha parte, confesso que já estava a ficar magoado com a Al Qaeda, pela indiferença com que nos tratava. Nós não somos menos que os espanhóis, os americanos e os ingleses. Por outro lado, ameaçar Portugal com atentados é muito estúpido. Bin Laden, se me estás a ler, pensa bem: vir provocar catástrofes em Portugal é chover no molhado. Todo o País é uma espécie de catástrofe. Os miúdos estrangeiros, quando estão a aprender Geografia, já enumeram os países da Europa dizendo: Alemanha, Itália, França, Espanha e Catástrofe.
Basta-nos uma chuva mais intensa ou um calor mais forte para termos cheias, pontes a cair e incêndios de três em pipa (Sim, eu uso a expressão de "três em pipa".) Não precisamos cá de terroristas. Nós somos os nossos próprios terroristas.
Se eu vir um árabe de túnica e turbante no meio da rua não faço nada. Mas sempre que vejo um português, sinto-me muito tentado a alertar as autoridades. Esta gente não é de confiança.
É por isso que, na minha opinião, a AlQaeda não está a ver bem as coisas. Primeiro, porque as explosões já estão muito vistas. Sim senhor. Ao princípio aquilo impressiona e faz um efeito espampanante. Mas agora já cansa. Que é feito do vosso brio profissional de terroristas? Vá, toca a inovar. Segundo, porque se o objectivo é aborrecer-nos, não é com bombas que vão consegui-lo. De bombas estamos nós cheios. Todos os meses rebenta uma fábrica de pirotecnia no Norte do País e ninguém se rala. Não, as vossas bombas não nos impressionam. Se querem irritar-nos a sério, venham melhorar os nossos níveis de produtividade. Em vez de terroristas, mandem para cá gestores árabes que nos obriguem a trabalhar. Isso é que era desagradável.
Se persistirem em vir para cá organizar atentados, venham por vossa conta e risco. O meu conselho, no entanto, é: não se metam connosco.
Vocês estão habituados a levar a cabo actos terroristas em grandes potências. Em Portugal é mais difícil trabalhar. Por exemplo, imaginem que querem fazer como em Inglaterra e planeiam rebentar um autocarro. Antes de mais nada, há uma forte hipótese de os motoristas estarem em greve. Depois, há uma hipótese mais forte ainda de o autocarro estar uma boa meia hora atrasado. Portanto, o mais provável é que a vossa bomba-relógio rebente quando o autocarro ainda está sossegadinho no terminal, sem ninguém lá dentro. Tirem daí o sentido. É dinheiro deitado à rua e os explosivos estão caros.
Ricardo Araujo Pereira(17-11-2005)
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