Terrorismo é uma coisa, estupidez é outra
Os serviços secretos de Espanha andam a brincar connosco. Há uns séculos, os espanhóis levaram uns bofetões de uma profissional da indústria da panificação, e não deve passar um dia em que não pensem na vingança. Na semana passada comunicaram-nos que a Al Qaeda ameaça praticar actos terroristas em Portugal. E nós, parvos, acreditámos. Até onde chega a credulidade dos Portugueses…Primeiro acreditamos no Sócrates e agora nos espanhóis. Há que aprender a lição.
Como é evidente, só um terrorista muito estúpido é que vem exercer a profissão para cá. Com a vigilância que existe, hoje em dia, nos aeroportos, os terroristas só podem entrar no país de carro. E vir andar de carro para as nossas estradas é das decisões mais obtusas que uma pessoa pode tomar. É verdade que eles são suicidas, mas não exageremos. Vai uma grande diferença entre ser suicida e ser burro.
Por outro lado, os terroristas que tiverem a infeliz ideia de entrar no país terão de construir a bomba cá. Não se faz uma viagem Paquistão-Portugal com um engenho explosivo debaixo do braço. Há que ir a uma loja comprar peças. E é aqui que as chatices começam. “Esta peça só mandando vir do estrangeiro, chefe. Daqui a duas semanas mete-se o Carnaval por isso agora só para Março”.
Se o explosivo levar combustível pior ainda. Eles que vejam o preço a que está a nossa gasolina, a ver se continua a apetecer-lhes rebentar coisas. É muito fácil apanhar terroristas em Portugal. São os tipos de turbante que estão nas bombas da GALP a chorar. Os que lá andam a chorar sem turbante somos nós. E depois temos as contingências inerentes a uma actividade tão perigosa como é o fabrico de um engenho explosivo. O terrorista corre inúmeros riscos, o maior dos quais é ir parar a um hospital português. Basicamente, o sistema de saúde português oferece-lhe três hipóteses: pode morrer no caminho, pode morrer na sala de espera e pode morrer já dentro do hospital. É certo que o esperam 71 virgens no paraíso, mas aposto que para morrer num hospital português, o terrorista fica em lista de espera até as virgens serem septuagenárias, altura em que a virgindade perde muito do seu encanto. Quando, finalmente, os terroristas conseguem reunir condições para construir a bomba, o prédio que tinham planeado mandar pelos ares já explodiu à dois meses, ou por mau funcionamento da canalização do gás ou porque o esquentador de quatro ou cinco condomínios está instalado na casa de banho.
Portugal pode ser um bom destino turístico, mas para fazer terrorismo não tem condições nenhumas.
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